sábado, 19 de junho de 2010

A história de Elriolt MacAssen (parte final)

Agora só umas curiosidades extras sobre meu personagem (o histórico dele não foi tão bem desenvolvido, eu sei, mas eu realmente preferi me focar mais no passado do que no presente, afinal o passado é tudo que importa para Elriolt) :
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Dois homens se olhavam com um misto de raiva e respeito. Ambos com armas em punho e ambos ensangüentados. O primeiro parecia ser o mais velho, tinha uma pele azulada e seus cabelos eram brancos, portava uma espada que estava suja do sangue de seu oponente e uma armadura quase inútil: cheia de cortes e buracos. O outro já era mais jovem, pelo menos uns 20 verões mais jovem. Seus cabelos eram negros e lhe escorriam pelos ombros e seus olhos verdes como uma esmeralda. Possuía uma pequena lança que parecia bem desgastada, sua armadura estava intacta, mas seu corpo cheio de cortes e hematomas.

-Sabe que não posso fazer isso pai. Não posso te matar – começou a falar o mais jovem, ofegando.

-Você deve fazer meu filho, você vê aquilo que nenhum de nós jamais viu, é o escolhido para fazer nosso clã ressurgir – ele levanta os braços com dificuldade – fazer com que o clã MacAssen seja respeitado e louvado, como foi em outrora.

O jovem fecha os olhos e segura a lança com mais força. Seu pai estava certo, ele havia profetizado isso, que o sangue daquele que o gerou deveria ser derramado para que o clã MacAssen ressurgisse. Não havia escapatória, apenas destino, Kalem guiava seus passos por meio de visões e sonhos, Kalem queria que o clã MacAssen ressurgisse.

Ao abrir os olhos o rosto do jovem mudou, a incerteza sumiu e com uma rápida estocada ele perfurou o coração de seu próprio pai com a lança. O velho sorriu e disse:

-Adeus meu filho, adeus Elriolt MacAssen,herdeiro da maldição. – e caiu inerte no chão.

Duas lágrimas escorreram pelos olhos de Elriolt e, com muito cuidado, ele retirou do dedo de seu pai um anel com um símbolo antigo, que representava a nobreza de Harcasterer. Elriolt fita o corpo de seu pai por alguns instantes, faz uma oração para Kalem e coloca o anel em seu dedo e nesse momento o símbolo da maldição que havia em sua testa dobra de tamanho e fica mais acentuado na pele, como uma tatuagem recém feita. Este é o início da jornada de Elriolt, uma jornada para recuperar aquilo que já foi perdido e relembrar aquilo que já foi esquecido.

Informações:

Passado

Elriolt foi treinado desde o nascimento pelo seu pai, sendo que nunca chegou a conhecer a mãe. Cresceu tendo visões sobre seu destino e aprendendo a controlar a maldição faérica que existe em seu sangue, canalizando-a para seus inimigos. Hoje ele busca recursos e aliados para reerguer seu clã e matar toda a casa Lodestar, encerrando a maldição que carrega em suas veias.

Relações

Atualmente a única relação que Elriolt têm é com sua prima distante Marrye que encontrou por acaso (embora ele ache que foi obra de Kalem) em uma de suas aventuras. Elriolt tem plena confiança em Marrye, apesar de desaprovar alguns comportamentos da mesma, e sempre tenta encaixá-la em seus planos (o que tem funcionado perfeitamente bem, Elriolt e Marrye trabalham muito bem juntos)

Esquizofrenia

Elriolt enxerga coisas que não estão realmente lá. Nada muito grave, apenas pequenas visões que ele imagina serem obras de algum tipo de poder sensitivo que ele possui. Uma vez ele se negou a aceitar um serviço altamente remunerado porque enxergou um rosto demoníaco no contratante e ele já chegou a fazer trabalhos gratuitamente apenas porque viu asas angelicais em seu empregador. Essas visões estão restritas a pequenos detalhes e são passageiras, coisas de 2~5 segundos, mas podem fazer com que Elriolt mude de opinião e atitude com relação a uma pessoa, lugar ou decisão.

Mudança de Aparência

Conforme Elriolt se aprimora no poder faérico ele vai perdendo seus traços humanos e ficando cada vez mais parecido com um dos seres que o caçam. A tabela de nível/ mudança na aparência é essa:

Nível

aparencia

3

Olhos ficam verdes perolados. Uma mecha branca aparece no cabelo.

6

Pele fica levemente azulada e o símbolo na testa fica colorido (com as cores dos cinco elementos)

9

Olhos mudam de cor conforme o comportamento. Orelhas ficam pontudas e alongadas.

12

Voz fica mais grave e imperiosa (parecendo que ecoa em algum lugar).

15

Sentidos ficam mais sensíveis (nenhuma modificação em jogo, apena parece que ele sente mais as coisas) pele fica inteiramente azulada.

18

Dois chifres ornamentais crescem na cabeça. Plantas tendem a crescer instantaneamente em lugares em que ele fique muito tempo.

20

Exala um cheiro de terra molhada e o símbolo na cabeça começa a brilhar com uma luz intensa.

Outros MacAssen:

Existe uma lenda que diz que um MacAssen sempre irá gerar descendentes, mesmo que evite ao máximo o contato íntimo com alguém, eles estão destinados a se apaixonarem e deixar pelo menos um herdeiro, conta-se que isso é parte da maldição do Rei Faerico, que quer matar o ultimo MacAssen com suas próprias mãos. No entanto é um pouco difícil um MacAssen encontrar outro(afinal eles são poucos, pois muitos são assassinados antes que possam gerar tais descendentes) e caso esse evento aconteça ambos vão se tratar como companheiros de guerra, mas não necessariamente amigáveis. Eles sabem que o clã está morrendo e evitarão ao máximo matar alguém de seu próprio sangue.

A história de Elriolt MacAssen (parte 2)

Aqui vai a parte referente a herança faérica do personagem: a casa Lodestar (estrela-guia em irlandês, segundo o google tradutor).
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O trono brilhava com uma luz esmeralda. Era finamente trabalhado, uma obra de arte feita por um material obscuro que somente as mais antigas raças poderiam conhecer. Detalhes em seu corpo contavam a história de uma nobre família, criados a partir do mais fino material dos sonhos, uma família de guerreiros e líderes, uma família de reis.

O homem que se sentava no trono bufou diante do jovem que acabara de entrar no palácio. Era o rei daquele povo e estava cansado. Sua pele era azulada e de aspecto brilhante, trajava uma armadura que parecia ser feita especialmente para seu corpo musculoso, trazia finas jóias ao redor do corpo e uma coroa brilhante feita da mais pura prata faérica. Possuía um rosto nobre e altivo e cabelos verdes escuros e longos, tão bem cuidados que matariam de inveja muitas nobres por aí. Orion, o rei da casa Lodestar, levantou a cabeça e disse:

-Noticias de minha irmã? – Parecia que aquilo já estava se repetindo muito freqüentemente e isso parecia irritar o rei. Já fazia vários meses desde que sua irmã mais nova havia sumido e a mesma parecia estar usando magia para evitar ser encontrada. Orion nem gostava tanto assim da irmã, ela era cheio de conceitos humanos de bondade e igualdade e isso enojava o rei. Apenas queria encontrá-la para não haver um escândalo na corte.

-Receio que saiba o destino final da Condessa Myerin, alteza – o mensageiro parecia temeroso com a mensagem que ia passar, afinal sempre sobrava para o mensageiro – ela foi morta em uma cidade humana, queimada por uma pira de fogo e depois seu corpo foi espetado a ferro frio. Não há mais volta para ela, voltou ao coração do sonhar, alteza.

-O QUE? – Gritou o Rei Orion – COMO OUSAM? MATAR UMA NOBRE DA CASA LODESTAR, AQUELES MALDITOS HUMANOS.

O mensageiro se encolheu, com medo do castigo que seguiria.

-Reúna os conselheiros, imediatamente! – Ordenou o rei - E depois se mate com uma adaga de prata alquímica, você renascerá como um duende fazendeiro.

Em prantos (silenciosos, diga-se de passagem, pois ninguém, seja fada ou mortal, pode mostrar-se triste diante uma ordem do rei) o mensageiro executa a ordem. Sem questionamentos.

Naquela tarde o conselho de todas as casas nobres se reuniram e cada um dos reis deu sua opinião. Era uma afronta o que tinha ocorrido, os humanos precisavam ser punidos, eles tinham que ver tudo que lhes era sacro ruir e se transformar em cinzas, assim como haviam feito com a Condessa.

Então naquela tarde uma maldição foi preparada. Todos os reis feéricos deram um pouco de seu sangue e sua alma para criá-la e sua execução demorou mais de 3 meses. Durante esse tempo uma jura eterna de vingança era propagada, uma jura que ficaria marcada no sangue de seus inimigos e se propagaria para todos os seus descendentes. As palavras ditas no juramento foram a seguinte:

“Assim como o sol e as estrelas guardam o planeta, que nenhum deslize passe despercebido, nenhum ferimento não seja vingado. Amaldiçoarei meu inimigo eterno, o Clã MacAssen e todos os seus descendentes, a vagarem amaldiçoados pelos quatro cantos do mundo, e não devo descansar enquanto cada um deles não perecerem. Que tudo a sua volta vire pó e que uma onda de azar os acompanhe para o resto da vida. Aqueles que conviverem com meus inimigos sofrerão e aqueles que jurarem laços com eles serão amaldiçoados. Que sua existência desapareça da memória de todos e que sua dor seja eterna, até o fim dos tempos.”

Com essa maldição a ruina do clã MacAssen estava selada e assim cada um dos que foram amaldiçoados receberam uma marca na testa, o símbolo da casa Lodestar: user posted image

Alguns MacAssen ainda vivem nos dias de hoje e são caçados pelas fadas remanescentes das casas (O Rei Orion ainda vive, afinal o tempo nada significa para as fadas), dizem que muitos souberam usar a maldição a sue próprio proveito e somente esses são capazes de sobreviver por muito tempo.

O que nem os MacAssen e nem os poucos bardos que perpetuam a lenda esperavam é que existe um híbrido vivo, uma parte da história que não foi contada por nenhuma das partes, em grande parte pela vergonha que esse fato proporcionava
Descendente de Ralkor e Myerin ele possui o sangue do clã MacAssen e da casa Lodestar e seu nome é Elriolt..

A história de Elriolt MacAssen

Essa é uma história que criei para um jogo de D&D que está em andamento. Para tirar a poeira do blog vou postar ela aqui em 3 partes separadas.
O personagem é da classe lâmina maldita e possui alguns talentos de herança faérica. Seus poderes estão diretamente relacionados com sua descendência.
Então para começar a História dos antecedentes humanos do personagem, os MacAssen:
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Certa vez eu ouvi uma história de um viajante que havia chegado à vila. Ele vestia roupas simples e tinha o rosto envelhecido, parecendo estar na estrada por muitos anos. Ficou apenas uma semana e depois seguiu floresta adentro, mas por algum motivo havia me escolhido como ouvinte e no tempo em que permaneceu aqui ele se dedicou a contar uma história, a história da maldição e queda do clã MacAssen.
Esse é conto de poder, queda e vingança, um conto que ficou na minha memória por todos esses anos e agora eu sinto que é hora de compartilhar com vocês.

“A quatrocentos anos atrás, nas montanhas ao sul, existia uma cidade fortaleza chamada Harcasterer, uma cidade cuja riqueza era tão grande que todo seu povo vivia em prosperidade. Seus exércitos continham os maiores magos daquele tempo e os mais poderosos guerreiros. Uma ordem de elite, composta por guerreiros-magos, protegia a cidade dos perigos maiores, combinando ao mesmo tempo o poder do aço e a versatilidade da magia. E quem estava no topo de toda a hierarquia era a família MacAssen.
Nobres como um elfo, tenazes como um anão e ferozes como orcs, os MacAssen reinavam com punhos de ferro. Eram governadores justos e os crimes eram punidos sem misericórdia.
O último herdeiro conhecido dos MacAssen foi Ralkor olhos de prata. Ralkor possuía todas as características que um MacAssen deveria ter: conhecia as leis como ninguém, sabia lutar como um deus e possua uma mente afiadíssima, porém ele possuía um traço que ao mesmo tempo era um dom e uma maldição: Um coração livre.
Por mais que conhecesse o valor da ordem e das tradições, Ralkor sentia vontade de viajar, de explorar o mundo, sem título ou obrigações. Queria enfrentar monstros e salvar donzelas, queria escapar das correntes frias da corte e da nobreza e como é característico dos MacAssen conseguirem tudo o que desejam, seja por meio da força ou da obstinação, aos 16 anos ele conseguiu convencer seu pai a deixá-lo viajar para outros reinos, como um diplomata enviado de Harcasterer.
Por um ano ele viajou pelos mais diversos reinos, enfrentando diversos perigos junto com alguns soldados e magos de confiança. Mas nada conseguia aplacar as chamas de seu coração, até que um dia ele conheceu uma fada.
Foi em uma floresta fechada, cujas altas árvores quase escondiam o sol e faziam o clima ficar frio e úmido. Alguns contam que a fada estava colhendo pétalas de flores, outros dizem que ela estava machucada, mas isso não importa, o que importa de verdade é que eles se apaixonaram no exato momento em que se viram pela primeira vez.
A fada, ou lady Myerin como era chamada pelos mortais, era uma criatura de grande graciosidade. Ela possuía uma nobreza inerente e um modo de agir que fazia com que as mulheres odiassem-na, além disso, sua beleza já havia feito vários casamentos serem desmanchados. Mas como todas as fadas seu modo era imprevisível e o que num dia poderia ser a coisa mais importante do mundo, no outro poderia perder o valor.
Ralkor voltou para seu reino com sua amada e seus servos. Sua chegada foi celebrada com uma grande festa e sua união com Myerin foi aceita pelo clã como uma grande oportunidade para aumentar seu poder, pois as fadas são conhecidas pelas suas capacidades mágicas e seu poder de combate.
Ambos viveram juntos por muitos anos, ocupando o papel de príncipe e princesa do reino, auxiliando o rei e a rainha em diversas tarefas. Myerin havia se habituado muito bem à vida na corte, sabendo lidar de maneira esplendorosa com as intrigas que são peculiares à nobreza.
Porém um dia a chama apagou.
A vida no castelo já não era mais o suficiente para a dama Faérica, as intrigas não mais lhe aguçavam a curiosidade e as inimizades não mais lhe proporcionavam desafio. Estava entediada.
Como estava acostumada a ter tudo que queria, Myerin convenceu seu apaixonado marido a fugirem juntos, viverem como errantes, enfrentar novos desafios, descobrir o novo e auxiliados por uma cortesã amiga de Myerin, ambos fugiram.
Apesar das habilidades mágicas de Myerin e da sabedoria de Ralkor, ambos não esperavam que a suposta amiga de Myerin fosse uma traidora e assim ambos foram pegos e aprisionados.
Myerin foi condenada a execução, por tentativa de fuga e abandono de suas obrigações, enquanto Ralkor foi condenado às masmorras do castelo pelo mesmo motivo. A nobreza de Harcasterer estava chocada e muitos já planejavam derrubar os MacAssen do trono.
Myerin morreu queimada em praça pública e Ralkor, ao saber da morte de sua amada definhou e morreu de inanição semanas depois. E isso marcou a ruína do reino.
Enfurecidos pela morte de uma fada nobre, os altos lordes faéricos amaldiçoaram a linhagem dos MacAssen, fazendo com que qualquer um que seja portador do sangue amaldiçoado tenha em volta de si uma aura de azar e dor.
Incapazes de escapar desta maldição, mesmo contando com os maiores magos do reino, os MacAssen perceram aos poucos e Harcasterer ruiu. Ninguem sabe dizer qual foi o fim da cidade, mas sabe-se que existem poucos registros que falem da mesma ou do poderoso clã que a governava.
Reza a lenda que Ralkor e Myerin geraram um descendente durante seus anos como príncipe e princesa e que hoje existem pessoas que carregam o sangue de ambos por aí, apesar de ser altamente improvável. Mas o que é certo é que ainda existem alguns poucos MacAssen, primos distantes ou sobrinhos da família original e eles continuam o legado amaldiçoado, portanto meu caros, se vocês algum dia conhecerem alguém que se apresenta com esse sobrenome, evitem essa pessoa e saiam da presença deles o mais rápido possível. Vocês não vão querer mexer com a magia das fadas.”


-Bertram Gumdyre, ajudante de taverna e aspirante bardo.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Blog Morto

Argh quanto tempo não posto aqui. (não que faça diferença, praticamente só criei esse blog para salvar meus contos).

Anyway pessoa invisível que lê meu blog, pretendo continuar a escrever algo (sinceramente lendo agora percebo que meus contos não são tão legais quanto eu achava, preciso melhorar a lot =P).
Então até =D

domingo, 2 de novembro de 2008

O limiar do sonho

Já passa de meia noite e a maioria das pessoas está dormindo. Os postes oferecem uma parca iluminação, enquanto o vento castiga todos em seu caminho com força inigualável.

A silhueta de um garoto de aproximadamente dezoito anos se forma lentamente no horizonte à medida que o som de seus passos e respiração ofegante substitui o antigo silêncio. O jovem possui cabelos castanhos curtos, que balançam ao vento enquanto ele corre, e olhos verdes que pareciam prestes a desistir. Veste uma camisa preta e calça jeans. Atrás dele três humanóides horrendos, portando machados e trajando armaduras negras, exibem um sorriso que revela dentes amarelos e irregulares.

Devido à exaustão o jovem perde o equilíbrio e cai no chão. Os seus três perseguidores o cercam e começam a amarrá-lo. Minutos depois o garoto já não pode falar, ou se mexer devido às cordas. Os três jogam-no na caçamba de um camburão e fecham a porta. Em meio à escuridão o jovem vai perdendo a consciência e por fim desmaia.

O garoto começa a abrir os olhos lentamente e a imagem de um imenso salão vai se formando. Vários seres observam-no com intensa curiosidade. Alguns tinham chifres, outros eram pálidos demais, alguns também possuíam peles azuis. Havia muito mais o que observar, muitas coisas estranhas que escaparam do olhar, pois o garoto não estava em condições de prestar atenção. Uma bela mulher se destaca sentada em um trono. Possuindo cabelos negros como a noite, olhos azuis como o céu e uma pele alva como a neve, tamanha é sua beleza que toda a natureza parecia ter se inspirado nela. Com uma armadura negra cujo peitoral mostra uma Hidra branca e com uma espada muito maior do que ela, a mulher parece exalar nobreza e ferocidade. Homens azuis gigantescos portando espadas do tamanho do garoto agem como guarda-costas ao lado dela.

O salão parece ter saído de um castelo. As paredes são feitas de pedra e um longo tapete vermelho se estende no chão. Vários acessórios medievais estão presos nas paredes, combinando com os trajes dos estranhos seres daquele lugar. Lâmpadas modernas quebram o clima e oferecem iluminação aos três andares

-Qual é o seu nome? – pergunta a mulher sentada no trono com uma voz autoritária.

-Asenath- Responde o garoto assustado- não sei o que pretendem me raptando, mas... Não sou de família rica, vocês podem me devolver agora que não conto nada a ninguém, amanhã com certeza já terei esquecido seus rostos.

-Não Asenath – Diz a mulher sorrindo- não é o dinheiro que buscamos e não desejo que você nos esqueça. Apenas mostre quem você é.

Confuso o garoto ia fazer uma pergunta, mas antes que pudesse falar ele percebeu algo estranho: as pessoas começam a cercar Asenath formando uma roda. Mostravam expressões entusiasmadas, como se apreciassem esse tipo de espetáculo. Um rugido corta todo salão. Um monstro que parece ser uma mistura de leão e pássaro pula sobre alguns e fica no centro da roda junto com o garoto. O ser começa rosnar e andar lentamente em direção a Asenath, que instintivamente coloca o braço na frente do corpo e para sua surpresa uma armadura negra semelhante a da mulher do trono aparece em seu corpo tomando o lugar de suas roupas. Uma espada materializa-se em sua perna esquerda.

Retirando a espada, que possuía lâmina negra o garoto fica pronto para atacar e percebe que todos do salão começam a sussurrar.

O monstro tenta pular em cima de Asenath, que coloca a espada em frente ao corpo. A espada finca a lamina negra no peito do monstro, mas este joga todo o impacto no braço do garoto, que acaba caindo no chão pela pressão.

O monstro se levanta com facilidade e parte para cima de Asenath, que com o braço direito latejando de dor não consegue se levantar. Esperando pela morte certa Asenath fecha os olhos. Porém sua espada começa a vibrar e ele volta a abri-los rapidamente, somente para perceber que a criatura já estava ao seu lado. A espada parecia sugar uma substância negra de dentro do monstro que foi perdendo cada vez mais as forças até finalmente cair no chão com um rugido fraco e se desfazer após alguns segundos.

Todos aplaudem com elegância e a bela mulher sentada no trono levanta-se.

-O teste foi satisfatório. Espero que você não se irrite com o que foi feito essa noite, apenas precisávamos testar quem era você, ou o que você possui. – Sorrindo ela faz um sinal com os dedos.

-Como assim o que eu possuo? – O garoto percebe duas pessoas se aproximando – O que vocês vão... – antes que pudesse completar a frase vários grãos de areia caem em seus olhos e ao os fechar instintivamente Asenath acorda em seu quarto. O relógio marca seis horas da manha.

-Um sonho?- Sussurra o garoto e ao tentar se levantar sente o braço fisgar de dor – Então que dor é essa?

Levantando-se Asenath coloca o uniforme do colégio, pega sua mochila e desce as escadas de casa. Evitando passar pela cozinha para não falar com seu pai, ele sai de casa e sobe no primeiro ônibus que passa.

Dentro do ônibus o garoto senta-se no ultimo lugar. Ao seu lado está uma menina pálida de cabelos vermelhos que usava um vestido longo e preto de aspecto antiquado.

Asenath olha pela janela e vê um homem azul, parecido com aqueles que serviam de guarda costas para a mulher do trono, lutando contra um ciclope imenso que lhe atirava pedras do tamanho de carros.

-Estes ciclopes são tão irritados. - Diz a menina em um sussurro.

-Você também viu aquilo? –Pergunta o garoto confuso. Para ele aquelas visões eram alucinações. Então como a menina também havia visto?

A menina fez uma expressão confusa.

-Claro, sou Kithain assim como você. Alias qual seu nome? –Diz a menina ainda sussurrando – pode me chamar de Mellin

-Sou Asenath... O que são Kithain?

A confusão no rosto da menina se intensifica, mas depois de um tempo ela sorri.

-Ah entendi, você é novo. –sussurra Mellin. Ela anota algo no caderno e rasga em forma de um bilhete, ao entregar para Asenath, esse nota um endereço escrito.– Vá nesse endereço que você ficará sabendo o que você é.

O garoto olha para a janela e percebe que o ponto para sua escola já passou. Levantando-se depressa ele se despede de Mellin e desce do ônibus.

Antes que pudesse chegar a sua sala o sinal toca e o professor o manda para a sala do diretor. O diretor é um homem frio que tem como prazer estragara diversão dos estudantes e fazer intriga entre os pais. Ele tem um prazer sádico de humilhar todos os professores e alunos, sendo que apenas os que possuem mais bens materiais são poupados de suas maldades. Comenta-se entre os alunos que é preferível ser obrigado a lavar o banheiro do que visitar a sala do diretor.

-Entre e sente-se senhor MacAssen - Fala o diretor antes que Asenath pudesse bater na porta. Ao entrar na sala opressora do diretor o garoto sente suas esperanças e sonhos automaticamente escorrerem pelos ouvidos, sentimento que duplicou ao perceber a presença do pai olhando-o sério.

- Estava justamente falando com seu pai que você não é mais o mesmo de antes, suas notas caíram muito e parece que você não tem mais o mesmo rendimento de antes, chega atrasado, vive num mundo de fantasia... O que aconteceu com você Asenath? Está envolvido com drogas? Já recomendei um ótimo psiquiatra para seus pais. Não fique nervoso, nós só queremos seu bem. – O sorriso do diretor era forçado, que não enganava nenhum aluno, mas parecia funcionar muito bem com seus pais.

-Não estou envolvido com drogas, e meu comportamento não mudou diretor- respondeu o garoto com raiva.

-Chega, você vai pro carro. – O pai de Asenath observou com feições severas o rosto do garoto.

Asenath sentou-se no carro e viu o pai chegando alguns minutos depois. O pai de Asenath tratava-o com indiferença. O filho mais velho dele, irmão de Asenath, começou a enxergar coisas estranhas e foi internado, agora para evitar que isso ocorra com o outro filho ele resolveu cria-lo com punhos de ferro, pois tem medo do que os vizinhos podem achar se ele tiver dois filhos malucos.

Ao entrar no carro:

-Você passará a freqüentar um psiquiatra, queimarei todos aqueles seus livros de fantasia e já estou negociando a venda de seu computador. Fiz sua inscrição num colégio interno, você vai se curar, por bem ou por mal. Não aceitarei que você seja igual seu irmão.

Ao chegar em casa, Asenath espera anoitecer, pega algumas roupas e fuge pela janela. Imediatamente ele entra dentro de um ônibus e vai para o endereço escrito no papel que Mellin lhe dera.

O endereço indicava uma casa de dois andares que parecia ser confortável e convidar as pessoas para entrar. Asenath percebeu que a armadura e a espada voltaram a ao seu corpo. Ao tocar a campainha Asenath é recebido por Mellin que sorri:

-Asenath, que bom que você veio, estão todos te esperando!- sussurra ela

Um homem azul imenso aparece atrás dela com o rosto sério.

-Boatos estão correndo, então você é realmente o portador? Desembainhe sua espada! – ele avança alguns metros em direção ao garoto, Asenath recua alguns passos, assustado com as palavras daquele homem que era muito maior do que ele. Uma mulher baixinha e rechonchuda parece atrás de Mellin e da um tapa no braço do homem azul

-Pare de importunar o garoto Thorn!- Ela olha para Asenath e sorri afetuosamente - Entre querido, fiz alguns biscoitos e chocolate quente para você!

Ao entrar o garoto se sente relaxado naquele lugar aconchegante, todo feito em madeira, com uma lareira esquentando o ambiente e uma televisão em cima desta. Em frente à lareira esta uma poltrona de aspecto muito confortável, onde um garoto com focinho, orelhas de cão e pintas pretas em todo corpo, dormindo. -Eu sou Magg- Diz a pequena mulher com doçura nos olhos- Este é Thorn -diz apontando para o homem azul e depois aponta para o que esta dormindo- Aquele é Donie. Acredito que você já conheça Mellin.-Diz a mulher enquanto leva Asenath para uma cozinha pequena com um forno a lenha e alguns biscoitos na mesa. Um cheiro agradável invadiu o nariz de Asenath, um cheiro que lembrava os lanches que sua mãe fazia para ele e o irmão quando os dois eram crianças.

Asenath senta-se e logo a mulher coloca uma caneca de chocolate quente a sua frente e fala:

-Ontem você passou por maus bocados estou certa? Donie é um espião daquela corte... Foi horrível o que fizeram com você. Eles estão obcecados pela busca do portador e por isso não medem esforços para cumprir seus objetivos.

Asenath olha confuso e depois de um tempo cria coragem e pergunta:

-Portador do que? O que eu sou afinal? Alias o que nós somos?

-Coma querido, eu fiz esses biscoitos para você. Bem quanto as suas perguntas, você é um Changeling, um Kithain como nós costumamos dizer. Uma alma de fada em um corpo mortal. Há muito tempo fomos abandonados nosso reino natal, chamado de arcádia, devido a descrença da humanidade que era nociva ao sonhar e todas as suas criaturas. Para sobreviver nós tivemos que embutir nossos espíritos em corpos de recém nascidos e hoje temos que conviver entre a Banalidade e o Sonhar, ou seja, o mundo dos mortais e o mundo dos sonhos. Estamos divididos em famílias, conhecidas como Kiths, você no caso é um Sidhe, membros da nobreza, que voltaram foram exilados de Arcádia. Eu sou uma Boggan, adoramos trabalhos manuais e ajudar os outros, Thorn é um Troll, eles são fortes e tão nobres quando os Sidhe, Mellin é Sluagh, eles são ótimos para descobrir segredos e para os changelings o tom de voz deles não é mais alto que um sussurro e por fim Donie é um Pooka, brincalhão e pode se transformar em um dálmata quando quiser. Existem outros Kiths, mas não vem ao caso falar deles agora, sei que tudo ainda é muito confuso para você.

Asenath refletiu por alguns segundos e depois voltou a perguntar:

-E o que significa ser o portador?

-Acho melhor que Thorn explique isso, ele sabe muito mais do que eu sobre esse assunto. – Diz Magg com seu sorriso doce.

-Muito bem – Começa o Troll com sua voz grave – alguns anos atrás os Sidhe foram exilados de Arcádia e voltaram para nosso mundo. Os plebeus, que foram obrigados a se acostumar com uma vida nova sem a nobreza que normalmente regia-os, organizaram-se do jeito que puderam para cuidar dos últimos lugares que ainda exalavam um pouco do glamour da terra das fadas. Acostumados ao poder os Sidhe reclamaram o direito dessas terras e quiseram tentar voltar ao poder na sociedade Kithain. Porém alguns plebeus foram contra e começou uma guerra chamada a guerra da Harmonia. Como era de se esperar a guerra foi dura para os dois lados.

O Troll faz uma pausa e bebe algo que estava em sua caneca que exala um cheiro forte.

-Houve um duque Sidhe, cujo nome foi esquecido até pelos bardos Kithain, que possuía uma poderoso espada de lâmina negra que , reza a lenda, possui uma parcela da alma de um grande rei da antiguidade. Essa espada surge a cada geração na mão de um Changeling diferente. Existem boatos de que existem varias dessas armas espalhadas por aí, mas somente a lamina negra é conhecida pois foi usada por um lorde Sidhe durante a guerra da Harmonia. Dizem que a cada golpe ele sugava um pouco da vontade de seus inimigos, até que eles perdessem totalmente a vontade de viver. Segundo contam os bardos esse lorde foi morto ao se apaixonar por uma guerreira dos inimigos. Os outros pontos da historia são confusos e pouco confiáveis.

Asenath pensa no que o Troll acaba de falar.

-Está um pouco tarde – interrompe Magg – gostaria de passar a noite aqui?

Asenath constrangido explica tudo que lhe aconteceu pela manha e que havia fugido de casa.

-Sem problemas querido, temos camas aqui, abrigamos muita gente que não tem lugar para ir, mas seu pai não vai ficar preocupado?

-Não se preocupe com isso – diz Asenath tentando evitar pensar em tudo que já sofreu nas mãos de seu pai.

-Então vamos até o seu quarto. – Diz Magg sorrindo e conduzindo o garoto pelas escadas. A mulher abre uma porta e Asenath sente um clima de conforto antes mesmo de entrar no quarto.

Os quartos eram simples, feitos de madeira como o resto da casa, possui uma cama e um pequeno armário.

-Pode dormir querido, você deve estar muito cansado.

Asenath não espera ela pedir de novo, se deita logo na aconchegante cama e dorme. Teve um sonho estranho envolvendo chamas, choros e mais algumas coisas no qual ele não se lembra, mas foi acordado com um sussurro, uma sensação de tristeza tomou seu peito por alguns segundos.

-Asenath... Asenath... Acorda!

Lentamente ele abre os olhos e vê Mellin sorrindo

-Como consegue dormir de armadura? – Sussurra a garota de maneira divertida - Não importa, tem alguém aqui que quer te ver!

Mellin segura a mão de Asenath e o arrasta ate a sala, onde há um homem com chifres, uma espessa barba e pernas de bode sorrindo.

-Hahá! – Ri o homem com gosto - Ai está o novo garoto! Sou Ian, um sátiro e dono deste local. Me falaram que você não conhece ainda muito bem sobre nossa sociedade certo? Qual é o seu nome?

-Asenath...

-Não, quis dizer seu nome faérico! Seu nome real.

Todos na sala se olharam por alguns segundos. Era perigoso dizer o nome faérico para qualquer um, pois saber o nome real de uma pessoa te da poderes sobre ela, mas depois eles concordaram em silencio que Ian não iria fazer nada de ruim contra o garoto.

-É... -De repente um nome surgiu na mente de Asenath - Naram... Meu nome é... Naram.

-Belo nome rapaz! Agora o que acha de vir conosco para uma festa que alguns amigos estão dando? É uma ótima oportunidade para você conhecer mais sobre o nosso povo.

-Mas tudo que eu tenho é essa armadura preta... Não seria melhor vestir outra coisa?

-Esta brincando? – Ian sorri – com essa armadura não duvido que você termine a noite acompanhado.

Asenath sorriu e seguiu à festa com Ian, Thorn, Magg, Donnie e Mellin. Os seis entram em uma floresta e caminham um pouco. Pouco tempo depois eles chegam à festa, numa clareira da floresta.

As árvores parecem todas iluminadas por dentro e algumas exibem balões coloridos, a grama parece mais brilhante e mesmo à luz da lua, que se mostra muito cheia nessa noite, é possível enxergar perfeitamente toda festa. No centro do local uma grande fogueira aquece todos e oferece mais brilho a comemoração. Vários changelings dançam ao som de uma flauta e outros instrumentos que Asenath não pode identificar. Vários pratos e bebidas estão disponíveis em balcões espalhados pela festa.

Imediatamente o garoto esquece todos os problemas e o desejo de festejar toma conta do seu corpo, sem esperar mais nada ele puxa Magg e Mellin e começa a dançar.

Todos se divertem durante a noite, Asenath ficou mais próximo daqueles que o acolherem e pôde ver que eles possuem uma personalidade muito amigável. Mesmo Thorn se mostrou muito gentil com o garoto.

Depois da ótima festa Asenath se prepara para ir embora com seus amigos, porem interrompe sua caminhada ao perceber que todos os changelings olham assustados em uma direção, ao tentar ver o que os outros observam o terror toma conta de Asenath: A mulher da noite anterior acompanhada por vários daqueles guardas Troll, porém Asenath nota que eles parecem diferentes de Thorn, possuíam várias feridas no rosto que deixa-os com uma aparência repugnante. Ela sorri de e com toda elegância declama em uma voz serena:

-Queremos apenas levar o garoto Asenath. Ninguém precisa se machucar.

Thorn tira o grande martelo que carregava nas costas e ruge:

-Pegue essas abominações corrompidas e de o fora daqui! A jamais entregaremos um irmão para a escuridão!

-Que pena –diz a mulher sorrindo sem perder a compostura – então vai haver sangue.

Ao ouvir essa palavra os guardas Trolls começam a avançar com um sorriso sádico no rosto.

Nesse momento Asenath percebeu que no mundo os sonhos se transformam em pesadelo muito rápido.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Bem, vou falar aqui sobre alguns termos que são usados no meu conto sobre múmias.
1° Deuses:
O povo do antigo Egito adoravam vários deuses, em Múmia os nomes mais frequentemente citados são: Osíris, Set, Ísis, Maat e Apophis:


Osíris: Deus da vida e da morte, senhor do mundo subterrâneo e juiz dos mortos. Osíris simbolizava o renascimento e vida eterna, tanto dos seres vivos quanto da própria terra. Seu irmão, Set, assassinou e mutilou Osíris, espalhando seus pedaços por todo Egito. Depois de juntas quase todos os pedaços, Ísis ressuscitou o marido. Como ainda faltasse uma parte de seu corpo, Osíris acabou baixando ao mundo subterrâneo. Sendo a primeira coisa viva a morrer, Osíris tornou-se o senhor dos mortos. Na época do Médio Império, Osíris era, provavelmente, o deus mais cultuado do Egito.

Nota: No mundo das trevas Osíris virou um vampiro e depois, com o auto-controle, reverteu ao estado humano. Suas crias também deixaram de ser vampiras.

Set: deus das tempestades e da violência, Set era representado por um homem com a cabeça de um animal de orelhas grandes, provavelmente um asno ou um porco-da-terra. Identificava-se com vários animais, como porcos, ocapis e hipopótamos. Set sempre teve inveja do poder de seu irmão Osíris sobre os homens e acabou matando-. O filho de Osíris, Hórus, encarregou-se da luta contra Set depois que Osíris baixou ao mundo subterrâneo para governa-lo.

Nota: Set é um vampiro e suas crias são representadas pelo clã: Seguidores de Set.

Ísis: Conhecida como a Rainha do paraíso, Isis era esposa de Osíris e mãe de Hórus. Junto com Osíris, Isis levou a civilização ao Egito, concedendo as dádivas da agricultura e da medicina aos mortais. Era considerada a melhor feiticeira do universo, o que lhe valeu o epíteto de Weret-Hekau, ou “Grande Mágica”. Ísis era vista como doadora da vida e o amparo dos mortos. Representavam-na de varias formas: como uma mulher com o símbolo de um trono sobre a cabeça, ou um adereço em forma de abutre, ou o disco solar entre um par de chifres.

Maat: Maat, a filha de Rá e esposa de Tot, era uma personificação antropomórfica do conceito de verdade, justiça e ordem cósmica. Maat era representada como uma mulher alta que usava uma pena de avestruz na cabeça. Algumas imagens também mostravam-na com um par de asas preso a seus braços. Seus símbolos eram a pena de avestruz e a balança. O hieróglifo usado para representar seu nome também era uma pena. Ela presidia o julgamento dos mortos, comparando o peso de sua pena com o do coração do falecido para determinar se ele levara uma vida pura e honesta.

Nota: O conjunto de leis e ideais que as múmias seguem também é chamado de Maat, que é justamente a personificação da Deusa.

Apophis: A grande Serpente era originalmente o principal adversário do deus-sol Rá. Habitava o abismo, mas se aventurava fora dele para alcançar seu objetivo: destruir a luz que concede a vida.

Nota: No mundo das Trevas, Apophis tornou-se muito poderoso, e sua luta não se restringe a combater um único adversário.

Hórus: Filho de Osíris e Ísis. É o vingador, o primeiro faraó que lutou contra o imperio de Set no lugar do seu pai e uma das primeiras múmias a serem criadas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Ai vai o capítulo 1, parte 1, espero que gostem =D



Capítulo 1: O renascimento

Parte 1


O corpo morto de Allan repousava em uma maca no necrotério de um hospital chamado São Lucas. A sala era fria, com paredes brancas e vários outros cadáveres no mesmo estado de Allan. A única coisa viva dentro da sala era um médico que analisava a ficha dos pacientes para se certificar de que todos estavam intactos. Não era raro que um ou outro cadáver sumia, principalmente se esse não possuísse parentes. O destino deles era incerto, mas era quase certo de que iam para a venda clandestina de órgãos.

Abruptamente algumas ferramentas caíram no chão e o doutor olhos para trás assustado. Caminhou alguns centímetros e colocou as ferramentas ao lado de um corpo. “Allan Sollester, três tiros no peito, pulmão danificado e falta de sangue. Morto há três horas atrás.” Era o que indicava na ficha do morto.

-Que azar Allan, morrer com falta de ar deve ser horrível não é mesmo? – Começou o médico enquanto virava-se de costas para continuar seu trabalho.

O corpo de Allan começou a convulsionar, o que fez com que o jovem doutor olhasse em pânico e ficasse em um estado catatônico sem saber o que fazer. E então o cadáver parou de se mexer por alguns segundos e com uma longa puxada de ar a vida voltou aos poucos ao corpo de Allan.

O médico soltou um grito e ficou observando tudo imóvel. O corpo que era de Allan, mas agora estava sob comando de Aunp olhou em volta e se levantou com dificuldade, o peito ainda doía demais, pois os buracos da bala ainda estavam presentes. Ele se encontrava em uma sala cheia de pessoas mortas, como as necrópoles do seu tempo, mas ele sabia que milênios haviam se passado e tudo era novidade agora. Estava em um mundo diferente, não sabia falar a língua daqueles que o habitavam e só tinha 70 dias para levar este corpo baleado para as terras da fé (África) se não o feitiço que iria unir as duas almas, o feitiço que o faria voltara vida, iria falhar.

Reunindo toda a força de vontade que possuía Aunp levantou o corpo moribundo e enrolou uma faixa no peito para evitar que o sangue dos ferimentos se espalhe. Ele vestiu as roupas que estavam perto da sua maca (estranhando muito aquele estranho aparato que existiam nas calças para fechar a parte da frente.) e saiu do necrotério cambaleando por causa da dor.

Talvez por uma proteção de Osíris, ou talvez por não pertencer totalmente a esse tempo, ele não foi notado pelas pessoas enquanto cambaleava em direção a saída do hospital, simplesmente sua imagem confundia-se com a multidão, ele era só mais uma pessoa no meio de várias outras.

Não era muito difícil imaginar onde estava, todos os lugares em que olhava havia mar, então estava em uma cidade costeira (a julgar pela posição da lua e estrelas era de madrugada), o que poderia facilitar caso encontrasse em um barco clandestinamente ao Egito.

Um pouco perdido naquela multidão de sons e luzes que a cidade emitia Aunp tentou verificar o quanto à consciência de Allan estava aceitando essa nova mudança: muito mal, dificilmente ele seria capaz de oferecer uma resposta completa sobre o que ele deveria fazer para chegar às Terras da Fé.

Um lampejo rápido na mente de Aunp revelou a localização da casa de Allan. Cambaleante ele chegou até lá, como a porta estava trancada ela teve que ser arrombada.

Sentando-se no sofá Aunp divagou sobre os métodos que poderia usar para viajar. Torcia para que Allan aceitasse a morte por um momento e conseguisse ajuda-lo. E em meditação, parando algumas horas para alimentar-se, três dias se passaram, até que na quinta feira à tarde (coisa que não fazia sentido nenhum para Aunp, mas iluminou de compreensão da passagem do tempo na mente de Allan) Allan se tornou consciente e conseguiu, através da internet, uma passagem urgente para o Egito (em uma linha aérea que ele nunca tinha visto no aeroporto, e com a facilidade em que conseguiu a passagem Allan se perguntava se o destino não estava atuando a seu favor), fazendo escala nos Estados Unidos.

Aproveitando enquanto ainda possuía a consciência Allan rumou ao Aeroporto (completamente exausto e ainda com as roupas com buracos de bala) num táxi. Chegando lá ele entregou a carteira para o taxista (que confuso tentou devolver, mas Allan já tinha saído correndo do carro), e correu até o balcão.

-Boa tarde senhor, no que posso ajudar? – perguntou a atendente tentando ignorar aquele cheiro de formol que Allan exalava.

-Por favor, só confirme minha passagem – disse Allan mostrando os papeis impressos e o passaporte.

-Esta tudo certo – disse a mulher conferindo no computador algumas informações. Onde está sua bagagem?

-Eu não tenho... -começou Allan – ou melhor, já foi enviada para o Egito. Quando sai o vôo?

-Daqui a meia-hora senhor, pode esperar na sala de embarque.

Após passar por todos os procedimentos (revista, responder perguntas desconfiadas dos seguranças etc). Allan finalmente entra no Vôo 653, do aeroporto Hercílio Luz de Florianópolis para o Aeroporto Internacional de Cairo, fazendo escala no aeroporto John F. Kennedy de Nova York.

Quando o vôo decolou Allan dormiu, deixando Aunp em pânico, pois ao olhar à janela ele só via nuvens e o avião mexia de maneira desconfortável não podia acreditar que algo tão grande e com tantas pessoas pudesse estar voando, mesmo confiando na sabedoria de Allan (pois mesmo em pouco tempo ele conseguiu ver o quão rápido seu companheiro achou uma solução para a viagem) ainda era muito assustador o conceito de voar em uma maquina.

Durante as longas horas (intermináveis para Aunp) que se seguiram o vôo, Allan permaneceu inconciente.

Quando finalmente o avião pousou nos estados unidos uma voz falou algo que Aunp não entendeu, e algumas pessoas saíram ao mesmo tempo em que outras entravam.

Na verdade todas as pessoas do avião saíram e apenas Três entraram. As três vestiam-se com roupas pesadas cobrindo todo corpo e rosto.

Duas sentaram-se ao lado de Aunp (o que deixou intrigado, porque não se sentar em um dos outros vários lugares vagos?) e a ultima sentou-se atrás. Elas exalavam um cheiro estranho de incenso e suor.

O avião começou a decolar, e ignorando os avisos para ficarem sentados as três pessoas se levantaram e retiraram suas roupas pesadas. Um era um deformado, com a pele ressecada, os olhos sem pálpebras e uma cimitarra na mão. Fazia chiados estranhos com a garganta. Os outros dois eram humanos que portavam duas pistolas automáticas.

-Filho de Osíris se entregue ao grande Apophis, de que adianta seguir um Deus morto? Osíris esta morto, sentado eternamente em seu trono. Sua justiça é fraca e o mundo não tem mais lugar para honra ou Maat¹. – disse a criatura deformada em uma voz degradada na antigua língua egípcia.

Aunp sorriu, agora estava explicado como eles haviam conseguido tão rápido uma passagem, tudo era uma armadilha dos filhos e Set e Apophis.

-Meu senhor Osíris esta morto, minha senhora Isis esta morta e por fim meu criador Hórus também esta morto. Mas mesmo na morte eles me guiam, mesmo mortos um dia eles retornarão para nos auxiliar a expulsar seu deus peçonhento.- Aunp levantou-se e bateu no peito gritando – EU SOU AUNP, QUE LUTEI CONRA AS FORÇAS DE APOPHIS A MILÉNIOS ATRAS E MORRI EM COMBATE CONTRA OS FILHOS DA NOITE. EU SOU AUNP CUJO CORAÇÃO FOI PESADO NUMA BALANÇA E SE MOSTROU MAIS LEVE COMO UMA PENA. FUJAM MALDITOS SERVIÇAIS DA CORRUPÇÃO, POIS MINHAS MÃOS LHE MOSTRARAM TODO O PODER DE MAAT!

Os três sorriram

-Então prepare-se Aunp, nos vamos te desmembrar e mijar em seus olhos. Não pense que será rápido. Você não pode contra três.

-Não estou sozinho, Osíris está comigo!- Disse Aunp enquanto tentava dar um soco no rosto da aberração.

A criatura esquivou-se rapidamente do soco débil e fez um rasgo no braço de Aunp.

-Osíris não está aqui, Osíris está morto assim como todas as esperanças – e com uma espadada rasgou o peito de Aunp, que caiu no chão e começou a morrer... pela terceira vez.

- Você esta enganado servo da corrupção, aqui em meu coração tenho Osíris, Maat e...

-Isis! – Falou uma voz que veio de dentro da cabine. Imediatamente tiros vieram do compartimento de carga e mataram os dois que serviam de guarda-costas para a criatura. Homens armados e vestidos de branco entraram no local onde Aunp e as criaturas estavam, vindos do compartimento de carga e da cabine do piloto. Em especial uma mulher seguia a frente com uma AK-47. Seus cabelos eram negros e compridos e seus olhos verdes. Trajava um vestido branco com detalhes dourados. Ela apontou a arma para a criatura coma cimitarra e disse:

-Mande isso para seu chefe- e atirou na cabeça, fazendo os miolos, sangue seco e carne podre se espalharem pelo local.

-Somos o culto de Isis Aunp, rastreamos as atividades dos filhos de Apophis para impedir que mais irmãos sejam mortos. Sou Syara, uma sacerdotisa da Deusa. Levaremos-te em segurança para as terras da fé, enquanto isso me deixe tratar de sua ferida.

E fazendo uma pequena prece para seu deus, Aunp sentiu a consciência lhe abandonando enquanto a mulher murmurava algumas frases em egípcio antigo.