domingo, 2 de novembro de 2008

O limiar do sonho

Já passa de meia noite e a maioria das pessoas está dormindo. Os postes oferecem uma parca iluminação, enquanto o vento castiga todos em seu caminho com força inigualável.

A silhueta de um garoto de aproximadamente dezoito anos se forma lentamente no horizonte à medida que o som de seus passos e respiração ofegante substitui o antigo silêncio. O jovem possui cabelos castanhos curtos, que balançam ao vento enquanto ele corre, e olhos verdes que pareciam prestes a desistir. Veste uma camisa preta e calça jeans. Atrás dele três humanóides horrendos, portando machados e trajando armaduras negras, exibem um sorriso que revela dentes amarelos e irregulares.

Devido à exaustão o jovem perde o equilíbrio e cai no chão. Os seus três perseguidores o cercam e começam a amarrá-lo. Minutos depois o garoto já não pode falar, ou se mexer devido às cordas. Os três jogam-no na caçamba de um camburão e fecham a porta. Em meio à escuridão o jovem vai perdendo a consciência e por fim desmaia.

O garoto começa a abrir os olhos lentamente e a imagem de um imenso salão vai se formando. Vários seres observam-no com intensa curiosidade. Alguns tinham chifres, outros eram pálidos demais, alguns também possuíam peles azuis. Havia muito mais o que observar, muitas coisas estranhas que escaparam do olhar, pois o garoto não estava em condições de prestar atenção. Uma bela mulher se destaca sentada em um trono. Possuindo cabelos negros como a noite, olhos azuis como o céu e uma pele alva como a neve, tamanha é sua beleza que toda a natureza parecia ter se inspirado nela. Com uma armadura negra cujo peitoral mostra uma Hidra branca e com uma espada muito maior do que ela, a mulher parece exalar nobreza e ferocidade. Homens azuis gigantescos portando espadas do tamanho do garoto agem como guarda-costas ao lado dela.

O salão parece ter saído de um castelo. As paredes são feitas de pedra e um longo tapete vermelho se estende no chão. Vários acessórios medievais estão presos nas paredes, combinando com os trajes dos estranhos seres daquele lugar. Lâmpadas modernas quebram o clima e oferecem iluminação aos três andares

-Qual é o seu nome? – pergunta a mulher sentada no trono com uma voz autoritária.

-Asenath- Responde o garoto assustado- não sei o que pretendem me raptando, mas... Não sou de família rica, vocês podem me devolver agora que não conto nada a ninguém, amanhã com certeza já terei esquecido seus rostos.

-Não Asenath – Diz a mulher sorrindo- não é o dinheiro que buscamos e não desejo que você nos esqueça. Apenas mostre quem você é.

Confuso o garoto ia fazer uma pergunta, mas antes que pudesse falar ele percebeu algo estranho: as pessoas começam a cercar Asenath formando uma roda. Mostravam expressões entusiasmadas, como se apreciassem esse tipo de espetáculo. Um rugido corta todo salão. Um monstro que parece ser uma mistura de leão e pássaro pula sobre alguns e fica no centro da roda junto com o garoto. O ser começa rosnar e andar lentamente em direção a Asenath, que instintivamente coloca o braço na frente do corpo e para sua surpresa uma armadura negra semelhante a da mulher do trono aparece em seu corpo tomando o lugar de suas roupas. Uma espada materializa-se em sua perna esquerda.

Retirando a espada, que possuía lâmina negra o garoto fica pronto para atacar e percebe que todos do salão começam a sussurrar.

O monstro tenta pular em cima de Asenath, que coloca a espada em frente ao corpo. A espada finca a lamina negra no peito do monstro, mas este joga todo o impacto no braço do garoto, que acaba caindo no chão pela pressão.

O monstro se levanta com facilidade e parte para cima de Asenath, que com o braço direito latejando de dor não consegue se levantar. Esperando pela morte certa Asenath fecha os olhos. Porém sua espada começa a vibrar e ele volta a abri-los rapidamente, somente para perceber que a criatura já estava ao seu lado. A espada parecia sugar uma substância negra de dentro do monstro que foi perdendo cada vez mais as forças até finalmente cair no chão com um rugido fraco e se desfazer após alguns segundos.

Todos aplaudem com elegância e a bela mulher sentada no trono levanta-se.

-O teste foi satisfatório. Espero que você não se irrite com o que foi feito essa noite, apenas precisávamos testar quem era você, ou o que você possui. – Sorrindo ela faz um sinal com os dedos.

-Como assim o que eu possuo? – O garoto percebe duas pessoas se aproximando – O que vocês vão... – antes que pudesse completar a frase vários grãos de areia caem em seus olhos e ao os fechar instintivamente Asenath acorda em seu quarto. O relógio marca seis horas da manha.

-Um sonho?- Sussurra o garoto e ao tentar se levantar sente o braço fisgar de dor – Então que dor é essa?

Levantando-se Asenath coloca o uniforme do colégio, pega sua mochila e desce as escadas de casa. Evitando passar pela cozinha para não falar com seu pai, ele sai de casa e sobe no primeiro ônibus que passa.

Dentro do ônibus o garoto senta-se no ultimo lugar. Ao seu lado está uma menina pálida de cabelos vermelhos que usava um vestido longo e preto de aspecto antiquado.

Asenath olha pela janela e vê um homem azul, parecido com aqueles que serviam de guarda costas para a mulher do trono, lutando contra um ciclope imenso que lhe atirava pedras do tamanho de carros.

-Estes ciclopes são tão irritados. - Diz a menina em um sussurro.

-Você também viu aquilo? –Pergunta o garoto confuso. Para ele aquelas visões eram alucinações. Então como a menina também havia visto?

A menina fez uma expressão confusa.

-Claro, sou Kithain assim como você. Alias qual seu nome? –Diz a menina ainda sussurrando – pode me chamar de Mellin

-Sou Asenath... O que são Kithain?

A confusão no rosto da menina se intensifica, mas depois de um tempo ela sorri.

-Ah entendi, você é novo. –sussurra Mellin. Ela anota algo no caderno e rasga em forma de um bilhete, ao entregar para Asenath, esse nota um endereço escrito.– Vá nesse endereço que você ficará sabendo o que você é.

O garoto olha para a janela e percebe que o ponto para sua escola já passou. Levantando-se depressa ele se despede de Mellin e desce do ônibus.

Antes que pudesse chegar a sua sala o sinal toca e o professor o manda para a sala do diretor. O diretor é um homem frio que tem como prazer estragara diversão dos estudantes e fazer intriga entre os pais. Ele tem um prazer sádico de humilhar todos os professores e alunos, sendo que apenas os que possuem mais bens materiais são poupados de suas maldades. Comenta-se entre os alunos que é preferível ser obrigado a lavar o banheiro do que visitar a sala do diretor.

-Entre e sente-se senhor MacAssen - Fala o diretor antes que Asenath pudesse bater na porta. Ao entrar na sala opressora do diretor o garoto sente suas esperanças e sonhos automaticamente escorrerem pelos ouvidos, sentimento que duplicou ao perceber a presença do pai olhando-o sério.

- Estava justamente falando com seu pai que você não é mais o mesmo de antes, suas notas caíram muito e parece que você não tem mais o mesmo rendimento de antes, chega atrasado, vive num mundo de fantasia... O que aconteceu com você Asenath? Está envolvido com drogas? Já recomendei um ótimo psiquiatra para seus pais. Não fique nervoso, nós só queremos seu bem. – O sorriso do diretor era forçado, que não enganava nenhum aluno, mas parecia funcionar muito bem com seus pais.

-Não estou envolvido com drogas, e meu comportamento não mudou diretor- respondeu o garoto com raiva.

-Chega, você vai pro carro. – O pai de Asenath observou com feições severas o rosto do garoto.

Asenath sentou-se no carro e viu o pai chegando alguns minutos depois. O pai de Asenath tratava-o com indiferença. O filho mais velho dele, irmão de Asenath, começou a enxergar coisas estranhas e foi internado, agora para evitar que isso ocorra com o outro filho ele resolveu cria-lo com punhos de ferro, pois tem medo do que os vizinhos podem achar se ele tiver dois filhos malucos.

Ao entrar no carro:

-Você passará a freqüentar um psiquiatra, queimarei todos aqueles seus livros de fantasia e já estou negociando a venda de seu computador. Fiz sua inscrição num colégio interno, você vai se curar, por bem ou por mal. Não aceitarei que você seja igual seu irmão.

Ao chegar em casa, Asenath espera anoitecer, pega algumas roupas e fuge pela janela. Imediatamente ele entra dentro de um ônibus e vai para o endereço escrito no papel que Mellin lhe dera.

O endereço indicava uma casa de dois andares que parecia ser confortável e convidar as pessoas para entrar. Asenath percebeu que a armadura e a espada voltaram a ao seu corpo. Ao tocar a campainha Asenath é recebido por Mellin que sorri:

-Asenath, que bom que você veio, estão todos te esperando!- sussurra ela

Um homem azul imenso aparece atrás dela com o rosto sério.

-Boatos estão correndo, então você é realmente o portador? Desembainhe sua espada! – ele avança alguns metros em direção ao garoto, Asenath recua alguns passos, assustado com as palavras daquele homem que era muito maior do que ele. Uma mulher baixinha e rechonchuda parece atrás de Mellin e da um tapa no braço do homem azul

-Pare de importunar o garoto Thorn!- Ela olha para Asenath e sorri afetuosamente - Entre querido, fiz alguns biscoitos e chocolate quente para você!

Ao entrar o garoto se sente relaxado naquele lugar aconchegante, todo feito em madeira, com uma lareira esquentando o ambiente e uma televisão em cima desta. Em frente à lareira esta uma poltrona de aspecto muito confortável, onde um garoto com focinho, orelhas de cão e pintas pretas em todo corpo, dormindo. -Eu sou Magg- Diz a pequena mulher com doçura nos olhos- Este é Thorn -diz apontando para o homem azul e depois aponta para o que esta dormindo- Aquele é Donie. Acredito que você já conheça Mellin.-Diz a mulher enquanto leva Asenath para uma cozinha pequena com um forno a lenha e alguns biscoitos na mesa. Um cheiro agradável invadiu o nariz de Asenath, um cheiro que lembrava os lanches que sua mãe fazia para ele e o irmão quando os dois eram crianças.

Asenath senta-se e logo a mulher coloca uma caneca de chocolate quente a sua frente e fala:

-Ontem você passou por maus bocados estou certa? Donie é um espião daquela corte... Foi horrível o que fizeram com você. Eles estão obcecados pela busca do portador e por isso não medem esforços para cumprir seus objetivos.

Asenath olha confuso e depois de um tempo cria coragem e pergunta:

-Portador do que? O que eu sou afinal? Alias o que nós somos?

-Coma querido, eu fiz esses biscoitos para você. Bem quanto as suas perguntas, você é um Changeling, um Kithain como nós costumamos dizer. Uma alma de fada em um corpo mortal. Há muito tempo fomos abandonados nosso reino natal, chamado de arcádia, devido a descrença da humanidade que era nociva ao sonhar e todas as suas criaturas. Para sobreviver nós tivemos que embutir nossos espíritos em corpos de recém nascidos e hoje temos que conviver entre a Banalidade e o Sonhar, ou seja, o mundo dos mortais e o mundo dos sonhos. Estamos divididos em famílias, conhecidas como Kiths, você no caso é um Sidhe, membros da nobreza, que voltaram foram exilados de Arcádia. Eu sou uma Boggan, adoramos trabalhos manuais e ajudar os outros, Thorn é um Troll, eles são fortes e tão nobres quando os Sidhe, Mellin é Sluagh, eles são ótimos para descobrir segredos e para os changelings o tom de voz deles não é mais alto que um sussurro e por fim Donie é um Pooka, brincalhão e pode se transformar em um dálmata quando quiser. Existem outros Kiths, mas não vem ao caso falar deles agora, sei que tudo ainda é muito confuso para você.

Asenath refletiu por alguns segundos e depois voltou a perguntar:

-E o que significa ser o portador?

-Acho melhor que Thorn explique isso, ele sabe muito mais do que eu sobre esse assunto. – Diz Magg com seu sorriso doce.

-Muito bem – Começa o Troll com sua voz grave – alguns anos atrás os Sidhe foram exilados de Arcádia e voltaram para nosso mundo. Os plebeus, que foram obrigados a se acostumar com uma vida nova sem a nobreza que normalmente regia-os, organizaram-se do jeito que puderam para cuidar dos últimos lugares que ainda exalavam um pouco do glamour da terra das fadas. Acostumados ao poder os Sidhe reclamaram o direito dessas terras e quiseram tentar voltar ao poder na sociedade Kithain. Porém alguns plebeus foram contra e começou uma guerra chamada a guerra da Harmonia. Como era de se esperar a guerra foi dura para os dois lados.

O Troll faz uma pausa e bebe algo que estava em sua caneca que exala um cheiro forte.

-Houve um duque Sidhe, cujo nome foi esquecido até pelos bardos Kithain, que possuía uma poderoso espada de lâmina negra que , reza a lenda, possui uma parcela da alma de um grande rei da antiguidade. Essa espada surge a cada geração na mão de um Changeling diferente. Existem boatos de que existem varias dessas armas espalhadas por aí, mas somente a lamina negra é conhecida pois foi usada por um lorde Sidhe durante a guerra da Harmonia. Dizem que a cada golpe ele sugava um pouco da vontade de seus inimigos, até que eles perdessem totalmente a vontade de viver. Segundo contam os bardos esse lorde foi morto ao se apaixonar por uma guerreira dos inimigos. Os outros pontos da historia são confusos e pouco confiáveis.

Asenath pensa no que o Troll acaba de falar.

-Está um pouco tarde – interrompe Magg – gostaria de passar a noite aqui?

Asenath constrangido explica tudo que lhe aconteceu pela manha e que havia fugido de casa.

-Sem problemas querido, temos camas aqui, abrigamos muita gente que não tem lugar para ir, mas seu pai não vai ficar preocupado?

-Não se preocupe com isso – diz Asenath tentando evitar pensar em tudo que já sofreu nas mãos de seu pai.

-Então vamos até o seu quarto. – Diz Magg sorrindo e conduzindo o garoto pelas escadas. A mulher abre uma porta e Asenath sente um clima de conforto antes mesmo de entrar no quarto.

Os quartos eram simples, feitos de madeira como o resto da casa, possui uma cama e um pequeno armário.

-Pode dormir querido, você deve estar muito cansado.

Asenath não espera ela pedir de novo, se deita logo na aconchegante cama e dorme. Teve um sonho estranho envolvendo chamas, choros e mais algumas coisas no qual ele não se lembra, mas foi acordado com um sussurro, uma sensação de tristeza tomou seu peito por alguns segundos.

-Asenath... Asenath... Acorda!

Lentamente ele abre os olhos e vê Mellin sorrindo

-Como consegue dormir de armadura? – Sussurra a garota de maneira divertida - Não importa, tem alguém aqui que quer te ver!

Mellin segura a mão de Asenath e o arrasta ate a sala, onde há um homem com chifres, uma espessa barba e pernas de bode sorrindo.

-Hahá! – Ri o homem com gosto - Ai está o novo garoto! Sou Ian, um sátiro e dono deste local. Me falaram que você não conhece ainda muito bem sobre nossa sociedade certo? Qual é o seu nome?

-Asenath...

-Não, quis dizer seu nome faérico! Seu nome real.

Todos na sala se olharam por alguns segundos. Era perigoso dizer o nome faérico para qualquer um, pois saber o nome real de uma pessoa te da poderes sobre ela, mas depois eles concordaram em silencio que Ian não iria fazer nada de ruim contra o garoto.

-É... -De repente um nome surgiu na mente de Asenath - Naram... Meu nome é... Naram.

-Belo nome rapaz! Agora o que acha de vir conosco para uma festa que alguns amigos estão dando? É uma ótima oportunidade para você conhecer mais sobre o nosso povo.

-Mas tudo que eu tenho é essa armadura preta... Não seria melhor vestir outra coisa?

-Esta brincando? – Ian sorri – com essa armadura não duvido que você termine a noite acompanhado.

Asenath sorriu e seguiu à festa com Ian, Thorn, Magg, Donnie e Mellin. Os seis entram em uma floresta e caminham um pouco. Pouco tempo depois eles chegam à festa, numa clareira da floresta.

As árvores parecem todas iluminadas por dentro e algumas exibem balões coloridos, a grama parece mais brilhante e mesmo à luz da lua, que se mostra muito cheia nessa noite, é possível enxergar perfeitamente toda festa. No centro do local uma grande fogueira aquece todos e oferece mais brilho a comemoração. Vários changelings dançam ao som de uma flauta e outros instrumentos que Asenath não pode identificar. Vários pratos e bebidas estão disponíveis em balcões espalhados pela festa.

Imediatamente o garoto esquece todos os problemas e o desejo de festejar toma conta do seu corpo, sem esperar mais nada ele puxa Magg e Mellin e começa a dançar.

Todos se divertem durante a noite, Asenath ficou mais próximo daqueles que o acolherem e pôde ver que eles possuem uma personalidade muito amigável. Mesmo Thorn se mostrou muito gentil com o garoto.

Depois da ótima festa Asenath se prepara para ir embora com seus amigos, porem interrompe sua caminhada ao perceber que todos os changelings olham assustados em uma direção, ao tentar ver o que os outros observam o terror toma conta de Asenath: A mulher da noite anterior acompanhada por vários daqueles guardas Troll, porém Asenath nota que eles parecem diferentes de Thorn, possuíam várias feridas no rosto que deixa-os com uma aparência repugnante. Ela sorri de e com toda elegância declama em uma voz serena:

-Queremos apenas levar o garoto Asenath. Ninguém precisa se machucar.

Thorn tira o grande martelo que carregava nas costas e ruge:

-Pegue essas abominações corrompidas e de o fora daqui! A jamais entregaremos um irmão para a escuridão!

-Que pena –diz a mulher sorrindo sem perder a compostura – então vai haver sangue.

Ao ouvir essa palavra os guardas Trolls começam a avançar com um sorriso sádico no rosto.

Nesse momento Asenath percebeu que no mundo os sonhos se transformam em pesadelo muito rápido.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Bem, vou falar aqui sobre alguns termos que são usados no meu conto sobre múmias.
1° Deuses:
O povo do antigo Egito adoravam vários deuses, em Múmia os nomes mais frequentemente citados são: Osíris, Set, Ísis, Maat e Apophis:


Osíris: Deus da vida e da morte, senhor do mundo subterrâneo e juiz dos mortos. Osíris simbolizava o renascimento e vida eterna, tanto dos seres vivos quanto da própria terra. Seu irmão, Set, assassinou e mutilou Osíris, espalhando seus pedaços por todo Egito. Depois de juntas quase todos os pedaços, Ísis ressuscitou o marido. Como ainda faltasse uma parte de seu corpo, Osíris acabou baixando ao mundo subterrâneo. Sendo a primeira coisa viva a morrer, Osíris tornou-se o senhor dos mortos. Na época do Médio Império, Osíris era, provavelmente, o deus mais cultuado do Egito.

Nota: No mundo das trevas Osíris virou um vampiro e depois, com o auto-controle, reverteu ao estado humano. Suas crias também deixaram de ser vampiras.

Set: deus das tempestades e da violência, Set era representado por um homem com a cabeça de um animal de orelhas grandes, provavelmente um asno ou um porco-da-terra. Identificava-se com vários animais, como porcos, ocapis e hipopótamos. Set sempre teve inveja do poder de seu irmão Osíris sobre os homens e acabou matando-. O filho de Osíris, Hórus, encarregou-se da luta contra Set depois que Osíris baixou ao mundo subterrâneo para governa-lo.

Nota: Set é um vampiro e suas crias são representadas pelo clã: Seguidores de Set.

Ísis: Conhecida como a Rainha do paraíso, Isis era esposa de Osíris e mãe de Hórus. Junto com Osíris, Isis levou a civilização ao Egito, concedendo as dádivas da agricultura e da medicina aos mortais. Era considerada a melhor feiticeira do universo, o que lhe valeu o epíteto de Weret-Hekau, ou “Grande Mágica”. Ísis era vista como doadora da vida e o amparo dos mortos. Representavam-na de varias formas: como uma mulher com o símbolo de um trono sobre a cabeça, ou um adereço em forma de abutre, ou o disco solar entre um par de chifres.

Maat: Maat, a filha de Rá e esposa de Tot, era uma personificação antropomórfica do conceito de verdade, justiça e ordem cósmica. Maat era representada como uma mulher alta que usava uma pena de avestruz na cabeça. Algumas imagens também mostravam-na com um par de asas preso a seus braços. Seus símbolos eram a pena de avestruz e a balança. O hieróglifo usado para representar seu nome também era uma pena. Ela presidia o julgamento dos mortos, comparando o peso de sua pena com o do coração do falecido para determinar se ele levara uma vida pura e honesta.

Nota: O conjunto de leis e ideais que as múmias seguem também é chamado de Maat, que é justamente a personificação da Deusa.

Apophis: A grande Serpente era originalmente o principal adversário do deus-sol Rá. Habitava o abismo, mas se aventurava fora dele para alcançar seu objetivo: destruir a luz que concede a vida.

Nota: No mundo das Trevas, Apophis tornou-se muito poderoso, e sua luta não se restringe a combater um único adversário.

Hórus: Filho de Osíris e Ísis. É o vingador, o primeiro faraó que lutou contra o imperio de Set no lugar do seu pai e uma das primeiras múmias a serem criadas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Ai vai o capítulo 1, parte 1, espero que gostem =D



Capítulo 1: O renascimento

Parte 1


O corpo morto de Allan repousava em uma maca no necrotério de um hospital chamado São Lucas. A sala era fria, com paredes brancas e vários outros cadáveres no mesmo estado de Allan. A única coisa viva dentro da sala era um médico que analisava a ficha dos pacientes para se certificar de que todos estavam intactos. Não era raro que um ou outro cadáver sumia, principalmente se esse não possuísse parentes. O destino deles era incerto, mas era quase certo de que iam para a venda clandestina de órgãos.

Abruptamente algumas ferramentas caíram no chão e o doutor olhos para trás assustado. Caminhou alguns centímetros e colocou as ferramentas ao lado de um corpo. “Allan Sollester, três tiros no peito, pulmão danificado e falta de sangue. Morto há três horas atrás.” Era o que indicava na ficha do morto.

-Que azar Allan, morrer com falta de ar deve ser horrível não é mesmo? – Começou o médico enquanto virava-se de costas para continuar seu trabalho.

O corpo de Allan começou a convulsionar, o que fez com que o jovem doutor olhasse em pânico e ficasse em um estado catatônico sem saber o que fazer. E então o cadáver parou de se mexer por alguns segundos e com uma longa puxada de ar a vida voltou aos poucos ao corpo de Allan.

O médico soltou um grito e ficou observando tudo imóvel. O corpo que era de Allan, mas agora estava sob comando de Aunp olhou em volta e se levantou com dificuldade, o peito ainda doía demais, pois os buracos da bala ainda estavam presentes. Ele se encontrava em uma sala cheia de pessoas mortas, como as necrópoles do seu tempo, mas ele sabia que milênios haviam se passado e tudo era novidade agora. Estava em um mundo diferente, não sabia falar a língua daqueles que o habitavam e só tinha 70 dias para levar este corpo baleado para as terras da fé (África) se não o feitiço que iria unir as duas almas, o feitiço que o faria voltara vida, iria falhar.

Reunindo toda a força de vontade que possuía Aunp levantou o corpo moribundo e enrolou uma faixa no peito para evitar que o sangue dos ferimentos se espalhe. Ele vestiu as roupas que estavam perto da sua maca (estranhando muito aquele estranho aparato que existiam nas calças para fechar a parte da frente.) e saiu do necrotério cambaleando por causa da dor.

Talvez por uma proteção de Osíris, ou talvez por não pertencer totalmente a esse tempo, ele não foi notado pelas pessoas enquanto cambaleava em direção a saída do hospital, simplesmente sua imagem confundia-se com a multidão, ele era só mais uma pessoa no meio de várias outras.

Não era muito difícil imaginar onde estava, todos os lugares em que olhava havia mar, então estava em uma cidade costeira (a julgar pela posição da lua e estrelas era de madrugada), o que poderia facilitar caso encontrasse em um barco clandestinamente ao Egito.

Um pouco perdido naquela multidão de sons e luzes que a cidade emitia Aunp tentou verificar o quanto à consciência de Allan estava aceitando essa nova mudança: muito mal, dificilmente ele seria capaz de oferecer uma resposta completa sobre o que ele deveria fazer para chegar às Terras da Fé.

Um lampejo rápido na mente de Aunp revelou a localização da casa de Allan. Cambaleante ele chegou até lá, como a porta estava trancada ela teve que ser arrombada.

Sentando-se no sofá Aunp divagou sobre os métodos que poderia usar para viajar. Torcia para que Allan aceitasse a morte por um momento e conseguisse ajuda-lo. E em meditação, parando algumas horas para alimentar-se, três dias se passaram, até que na quinta feira à tarde (coisa que não fazia sentido nenhum para Aunp, mas iluminou de compreensão da passagem do tempo na mente de Allan) Allan se tornou consciente e conseguiu, através da internet, uma passagem urgente para o Egito (em uma linha aérea que ele nunca tinha visto no aeroporto, e com a facilidade em que conseguiu a passagem Allan se perguntava se o destino não estava atuando a seu favor), fazendo escala nos Estados Unidos.

Aproveitando enquanto ainda possuía a consciência Allan rumou ao Aeroporto (completamente exausto e ainda com as roupas com buracos de bala) num táxi. Chegando lá ele entregou a carteira para o taxista (que confuso tentou devolver, mas Allan já tinha saído correndo do carro), e correu até o balcão.

-Boa tarde senhor, no que posso ajudar? – perguntou a atendente tentando ignorar aquele cheiro de formol que Allan exalava.

-Por favor, só confirme minha passagem – disse Allan mostrando os papeis impressos e o passaporte.

-Esta tudo certo – disse a mulher conferindo no computador algumas informações. Onde está sua bagagem?

-Eu não tenho... -começou Allan – ou melhor, já foi enviada para o Egito. Quando sai o vôo?

-Daqui a meia-hora senhor, pode esperar na sala de embarque.

Após passar por todos os procedimentos (revista, responder perguntas desconfiadas dos seguranças etc). Allan finalmente entra no Vôo 653, do aeroporto Hercílio Luz de Florianópolis para o Aeroporto Internacional de Cairo, fazendo escala no aeroporto John F. Kennedy de Nova York.

Quando o vôo decolou Allan dormiu, deixando Aunp em pânico, pois ao olhar à janela ele só via nuvens e o avião mexia de maneira desconfortável não podia acreditar que algo tão grande e com tantas pessoas pudesse estar voando, mesmo confiando na sabedoria de Allan (pois mesmo em pouco tempo ele conseguiu ver o quão rápido seu companheiro achou uma solução para a viagem) ainda era muito assustador o conceito de voar em uma maquina.

Durante as longas horas (intermináveis para Aunp) que se seguiram o vôo, Allan permaneceu inconciente.

Quando finalmente o avião pousou nos estados unidos uma voz falou algo que Aunp não entendeu, e algumas pessoas saíram ao mesmo tempo em que outras entravam.

Na verdade todas as pessoas do avião saíram e apenas Três entraram. As três vestiam-se com roupas pesadas cobrindo todo corpo e rosto.

Duas sentaram-se ao lado de Aunp (o que deixou intrigado, porque não se sentar em um dos outros vários lugares vagos?) e a ultima sentou-se atrás. Elas exalavam um cheiro estranho de incenso e suor.

O avião começou a decolar, e ignorando os avisos para ficarem sentados as três pessoas se levantaram e retiraram suas roupas pesadas. Um era um deformado, com a pele ressecada, os olhos sem pálpebras e uma cimitarra na mão. Fazia chiados estranhos com a garganta. Os outros dois eram humanos que portavam duas pistolas automáticas.

-Filho de Osíris se entregue ao grande Apophis, de que adianta seguir um Deus morto? Osíris esta morto, sentado eternamente em seu trono. Sua justiça é fraca e o mundo não tem mais lugar para honra ou Maat¹. – disse a criatura deformada em uma voz degradada na antigua língua egípcia.

Aunp sorriu, agora estava explicado como eles haviam conseguido tão rápido uma passagem, tudo era uma armadilha dos filhos e Set e Apophis.

-Meu senhor Osíris esta morto, minha senhora Isis esta morta e por fim meu criador Hórus também esta morto. Mas mesmo na morte eles me guiam, mesmo mortos um dia eles retornarão para nos auxiliar a expulsar seu deus peçonhento.- Aunp levantou-se e bateu no peito gritando – EU SOU AUNP, QUE LUTEI CONRA AS FORÇAS DE APOPHIS A MILÉNIOS ATRAS E MORRI EM COMBATE CONTRA OS FILHOS DA NOITE. EU SOU AUNP CUJO CORAÇÃO FOI PESADO NUMA BALANÇA E SE MOSTROU MAIS LEVE COMO UMA PENA. FUJAM MALDITOS SERVIÇAIS DA CORRUPÇÃO, POIS MINHAS MÃOS LHE MOSTRARAM TODO O PODER DE MAAT!

Os três sorriram

-Então prepare-se Aunp, nos vamos te desmembrar e mijar em seus olhos. Não pense que será rápido. Você não pode contra três.

-Não estou sozinho, Osíris está comigo!- Disse Aunp enquanto tentava dar um soco no rosto da aberração.

A criatura esquivou-se rapidamente do soco débil e fez um rasgo no braço de Aunp.

-Osíris não está aqui, Osíris está morto assim como todas as esperanças – e com uma espadada rasgou o peito de Aunp, que caiu no chão e começou a morrer... pela terceira vez.

- Você esta enganado servo da corrupção, aqui em meu coração tenho Osíris, Maat e...

-Isis! – Falou uma voz que veio de dentro da cabine. Imediatamente tiros vieram do compartimento de carga e mataram os dois que serviam de guarda-costas para a criatura. Homens armados e vestidos de branco entraram no local onde Aunp e as criaturas estavam, vindos do compartimento de carga e da cabine do piloto. Em especial uma mulher seguia a frente com uma AK-47. Seus cabelos eram negros e compridos e seus olhos verdes. Trajava um vestido branco com detalhes dourados. Ela apontou a arma para a criatura coma cimitarra e disse:

-Mande isso para seu chefe- e atirou na cabeça, fazendo os miolos, sangue seco e carne podre se espalharem pelo local.

-Somos o culto de Isis Aunp, rastreamos as atividades dos filhos de Apophis para impedir que mais irmãos sejam mortos. Sou Syara, uma sacerdotisa da Deusa. Levaremos-te em segurança para as terras da fé, enquanto isso me deixe tratar de sua ferida.

E fazendo uma pequena prece para seu deus, Aunp sentiu a consciência lhe abandonando enquanto a mulher murmurava algumas frases em egípcio antigo.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Introdução

Este é o começo do meu conto sobre múmias. Ele esta meio parado porque realmente eu tenho que apresentar a antiga vida do protagonista. Espero que gostem (apesar de estar relativamente curto).


Introdução

Allan seguia uma rotina exata. As 8 horas ele abria seu restaurante e esperava os empregados chegarem, ao meio dia almoçava e as 10 da noite ele fechava o estabelecimento. Allan não fazia isso por nenhum motivo além do medo. Medo de mudar.

Desde a sua infância ele sempre achou difícil seguir contra a maré, contestar ordens. Mesmo com uma inteligência acima do normal e um grande charme pessoal Allan sempre fez o que os outros esperavam que ele fizesse, porque para ele não existia outra maneira de viver e devido a essa personalidade fraca seus grandes sonhos foram sendo deixados de lado. Sonhos simples como aumentar seu restaurante, se aproximar da garota que todo dia almoça lá (ele descobriu apenas seu nome: Fernanda). Mas para Allan estava tudo bem, afinal ele agia como achava ser o certo.

Em uma terça-feira, quando o relógio chegou às 10 da noite Allan dispensou todos os seus funcionários e começou a fechar o restaurante. Estava tão entretido retirando as toalhas da mesa que não percebeu que três homens com capuz, jaquetas de couro e armas na mão entraram apressadamente em seu estabelecimento. Um dos homens fez sinal para que os outros dois ficassem na porta e se aproximou de Allan

- Mãos na cabeça! Não faça nada. Se não eu te furo ta ouvindo? EU METO BALA! – Gritou o homem com uma voz descontrolada.

Com o susto Allan pulou e obedeceu imediatamente (não que fosse difícil para ele, afinal passara a vida inteira obedecendo) colocando as duas mãos na cabeça e baixando o olhar.

-O...o-oque você quer que eu faça?- Perguntou com uma voz trêmula.

-Todo o dinheiro, é quero todo o dinheiro. TODO O SEU DINHEIRO!- Sua voz mudava de tom a cada frase e ele parecia tremer nervosamente.

Obedientemente Allan foi até o caixa e pegou todas as notas e se aproximou do homem entregando-as sem olhar para cima.

Imediatamente um dos outros dois que vigiavam a entrada perguntou para o homem descontrolado:

-Chefe não é melhor matarmos o cara? Não vamos querer problemas com a polícia, certo?

-Não me matem – implorou Allan – eu juro que não conto nada pra ninguém.

-CALA A BOCA! – gritou homem que bate com a ponta da arma no nariz de Allan fazendo o sangue jorrar e um estalo que provavelmente indica um nariz quebrado.

Allan cai no chão e três tiros são disparados contra seu peito.A respiração foi ficando cada vez mais difícil e os olhos começaram a se fechar lentamente. Após alguns segundos o sopro da vida deixou o corpo baleado de Allan.

Allan recobra a consciência em um lugar todo escuro depois d eum tmepo indeterminado.

-Onde eu...-começou a falar mas é interrompido por uma voz.

- Allan você está morto. Nesse momento você está a caminho da morada dos mortos, Duat, porém antes que chegue lá tenho uma proposta a te fazer. – Disse uma voz na mente de Allan.

-Então eu morri mesmo....- e depois de alguns segundos - Que tipo de proposta? Quem é você?

-Eu fui Aunp, um antigo alquimista do antigo Egito que jurou lutar com Osíris por toda eternidade, porém minha alma foi dilacerada, hoje tudo que me restou são algumas memórias e meu Ba, a parta da alma ligada a consciência, a vontade. Com este espírito incompleto nada posso fazer para lutar contra Apophis, porém eu posso te dar uma segunda chance de vida, você pode se unir a mim, seremos um só, você terá o controle total de seu corpo e mente, eu apenas irei contribuir com meu Ba. Você poderá se livrar de seu maior defeito: A vontade fraca, além disso, você será imortal. Porém terá que lutar a favor de Osíris contra as artimanhas do deus da escuridão Apophis.

Mudar, Allan teria que mudar, não importa o que escolhesse, e isso o deixava apavorado. Depois de pensar muito ele fechou os olhos e disse:

-Eu aceito a sua proposta.

E esse foi o começo de uma nova vida para Allan.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O inicio de um novo começo

Bem vindos a todos vocês, pessoas/minerais/etc.
Sou Luiz, dono deste blog (é...né?) e aqui pretendo postar meus contos, historias, pensamentos etc.
Ou seja, qualquer coisa que me dar na telha quando eu estiver sem nada para fazer =D

Como estou animado com mitologia egípcia etc meu primeiro conto vai ser, provavelmente, de uma múmia *-*
Então..let's rock!

OBS: Esse titulo foi brincadeira ok?