terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Ai vai o capítulo 1, parte 1, espero que gostem =D



Capítulo 1: O renascimento

Parte 1


O corpo morto de Allan repousava em uma maca no necrotério de um hospital chamado São Lucas. A sala era fria, com paredes brancas e vários outros cadáveres no mesmo estado de Allan. A única coisa viva dentro da sala era um médico que analisava a ficha dos pacientes para se certificar de que todos estavam intactos. Não era raro que um ou outro cadáver sumia, principalmente se esse não possuísse parentes. O destino deles era incerto, mas era quase certo de que iam para a venda clandestina de órgãos.

Abruptamente algumas ferramentas caíram no chão e o doutor olhos para trás assustado. Caminhou alguns centímetros e colocou as ferramentas ao lado de um corpo. “Allan Sollester, três tiros no peito, pulmão danificado e falta de sangue. Morto há três horas atrás.” Era o que indicava na ficha do morto.

-Que azar Allan, morrer com falta de ar deve ser horrível não é mesmo? – Começou o médico enquanto virava-se de costas para continuar seu trabalho.

O corpo de Allan começou a convulsionar, o que fez com que o jovem doutor olhasse em pânico e ficasse em um estado catatônico sem saber o que fazer. E então o cadáver parou de se mexer por alguns segundos e com uma longa puxada de ar a vida voltou aos poucos ao corpo de Allan.

O médico soltou um grito e ficou observando tudo imóvel. O corpo que era de Allan, mas agora estava sob comando de Aunp olhou em volta e se levantou com dificuldade, o peito ainda doía demais, pois os buracos da bala ainda estavam presentes. Ele se encontrava em uma sala cheia de pessoas mortas, como as necrópoles do seu tempo, mas ele sabia que milênios haviam se passado e tudo era novidade agora. Estava em um mundo diferente, não sabia falar a língua daqueles que o habitavam e só tinha 70 dias para levar este corpo baleado para as terras da fé (África) se não o feitiço que iria unir as duas almas, o feitiço que o faria voltara vida, iria falhar.

Reunindo toda a força de vontade que possuía Aunp levantou o corpo moribundo e enrolou uma faixa no peito para evitar que o sangue dos ferimentos se espalhe. Ele vestiu as roupas que estavam perto da sua maca (estranhando muito aquele estranho aparato que existiam nas calças para fechar a parte da frente.) e saiu do necrotério cambaleando por causa da dor.

Talvez por uma proteção de Osíris, ou talvez por não pertencer totalmente a esse tempo, ele não foi notado pelas pessoas enquanto cambaleava em direção a saída do hospital, simplesmente sua imagem confundia-se com a multidão, ele era só mais uma pessoa no meio de várias outras.

Não era muito difícil imaginar onde estava, todos os lugares em que olhava havia mar, então estava em uma cidade costeira (a julgar pela posição da lua e estrelas era de madrugada), o que poderia facilitar caso encontrasse em um barco clandestinamente ao Egito.

Um pouco perdido naquela multidão de sons e luzes que a cidade emitia Aunp tentou verificar o quanto à consciência de Allan estava aceitando essa nova mudança: muito mal, dificilmente ele seria capaz de oferecer uma resposta completa sobre o que ele deveria fazer para chegar às Terras da Fé.

Um lampejo rápido na mente de Aunp revelou a localização da casa de Allan. Cambaleante ele chegou até lá, como a porta estava trancada ela teve que ser arrombada.

Sentando-se no sofá Aunp divagou sobre os métodos que poderia usar para viajar. Torcia para que Allan aceitasse a morte por um momento e conseguisse ajuda-lo. E em meditação, parando algumas horas para alimentar-se, três dias se passaram, até que na quinta feira à tarde (coisa que não fazia sentido nenhum para Aunp, mas iluminou de compreensão da passagem do tempo na mente de Allan) Allan se tornou consciente e conseguiu, através da internet, uma passagem urgente para o Egito (em uma linha aérea que ele nunca tinha visto no aeroporto, e com a facilidade em que conseguiu a passagem Allan se perguntava se o destino não estava atuando a seu favor), fazendo escala nos Estados Unidos.

Aproveitando enquanto ainda possuía a consciência Allan rumou ao Aeroporto (completamente exausto e ainda com as roupas com buracos de bala) num táxi. Chegando lá ele entregou a carteira para o taxista (que confuso tentou devolver, mas Allan já tinha saído correndo do carro), e correu até o balcão.

-Boa tarde senhor, no que posso ajudar? – perguntou a atendente tentando ignorar aquele cheiro de formol que Allan exalava.

-Por favor, só confirme minha passagem – disse Allan mostrando os papeis impressos e o passaporte.

-Esta tudo certo – disse a mulher conferindo no computador algumas informações. Onde está sua bagagem?

-Eu não tenho... -começou Allan – ou melhor, já foi enviada para o Egito. Quando sai o vôo?

-Daqui a meia-hora senhor, pode esperar na sala de embarque.

Após passar por todos os procedimentos (revista, responder perguntas desconfiadas dos seguranças etc). Allan finalmente entra no Vôo 653, do aeroporto Hercílio Luz de Florianópolis para o Aeroporto Internacional de Cairo, fazendo escala no aeroporto John F. Kennedy de Nova York.

Quando o vôo decolou Allan dormiu, deixando Aunp em pânico, pois ao olhar à janela ele só via nuvens e o avião mexia de maneira desconfortável não podia acreditar que algo tão grande e com tantas pessoas pudesse estar voando, mesmo confiando na sabedoria de Allan (pois mesmo em pouco tempo ele conseguiu ver o quão rápido seu companheiro achou uma solução para a viagem) ainda era muito assustador o conceito de voar em uma maquina.

Durante as longas horas (intermináveis para Aunp) que se seguiram o vôo, Allan permaneceu inconciente.

Quando finalmente o avião pousou nos estados unidos uma voz falou algo que Aunp não entendeu, e algumas pessoas saíram ao mesmo tempo em que outras entravam.

Na verdade todas as pessoas do avião saíram e apenas Três entraram. As três vestiam-se com roupas pesadas cobrindo todo corpo e rosto.

Duas sentaram-se ao lado de Aunp (o que deixou intrigado, porque não se sentar em um dos outros vários lugares vagos?) e a ultima sentou-se atrás. Elas exalavam um cheiro estranho de incenso e suor.

O avião começou a decolar, e ignorando os avisos para ficarem sentados as três pessoas se levantaram e retiraram suas roupas pesadas. Um era um deformado, com a pele ressecada, os olhos sem pálpebras e uma cimitarra na mão. Fazia chiados estranhos com a garganta. Os outros dois eram humanos que portavam duas pistolas automáticas.

-Filho de Osíris se entregue ao grande Apophis, de que adianta seguir um Deus morto? Osíris esta morto, sentado eternamente em seu trono. Sua justiça é fraca e o mundo não tem mais lugar para honra ou Maat¹. – disse a criatura deformada em uma voz degradada na antigua língua egípcia.

Aunp sorriu, agora estava explicado como eles haviam conseguido tão rápido uma passagem, tudo era uma armadilha dos filhos e Set e Apophis.

-Meu senhor Osíris esta morto, minha senhora Isis esta morta e por fim meu criador Hórus também esta morto. Mas mesmo na morte eles me guiam, mesmo mortos um dia eles retornarão para nos auxiliar a expulsar seu deus peçonhento.- Aunp levantou-se e bateu no peito gritando – EU SOU AUNP, QUE LUTEI CONRA AS FORÇAS DE APOPHIS A MILÉNIOS ATRAS E MORRI EM COMBATE CONTRA OS FILHOS DA NOITE. EU SOU AUNP CUJO CORAÇÃO FOI PESADO NUMA BALANÇA E SE MOSTROU MAIS LEVE COMO UMA PENA. FUJAM MALDITOS SERVIÇAIS DA CORRUPÇÃO, POIS MINHAS MÃOS LHE MOSTRARAM TODO O PODER DE MAAT!

Os três sorriram

-Então prepare-se Aunp, nos vamos te desmembrar e mijar em seus olhos. Não pense que será rápido. Você não pode contra três.

-Não estou sozinho, Osíris está comigo!- Disse Aunp enquanto tentava dar um soco no rosto da aberração.

A criatura esquivou-se rapidamente do soco débil e fez um rasgo no braço de Aunp.

-Osíris não está aqui, Osíris está morto assim como todas as esperanças – e com uma espadada rasgou o peito de Aunp, que caiu no chão e começou a morrer... pela terceira vez.

- Você esta enganado servo da corrupção, aqui em meu coração tenho Osíris, Maat e...

-Isis! – Falou uma voz que veio de dentro da cabine. Imediatamente tiros vieram do compartimento de carga e mataram os dois que serviam de guarda-costas para a criatura. Homens armados e vestidos de branco entraram no local onde Aunp e as criaturas estavam, vindos do compartimento de carga e da cabine do piloto. Em especial uma mulher seguia a frente com uma AK-47. Seus cabelos eram negros e compridos e seus olhos verdes. Trajava um vestido branco com detalhes dourados. Ela apontou a arma para a criatura coma cimitarra e disse:

-Mande isso para seu chefe- e atirou na cabeça, fazendo os miolos, sangue seco e carne podre se espalharem pelo local.

-Somos o culto de Isis Aunp, rastreamos as atividades dos filhos de Apophis para impedir que mais irmãos sejam mortos. Sou Syara, uma sacerdotisa da Deusa. Levaremos-te em segurança para as terras da fé, enquanto isso me deixe tratar de sua ferida.

E fazendo uma pequena prece para seu deus, Aunp sentiu a consciência lhe abandonando enquanto a mulher murmurava algumas frases em egípcio antigo.

2 comentários:

Edson Cristovam disse...

=O NOSSA .. muito massa *-* pena que não tenho total conhecimento do mundo das mumias pra entender tudo XD

Shinderera disse...

peeeerfeito *-*